22 de novembro de 2012

Sou o remoinho...

Sou o remoinho que crias em mim,
Um turbilhão silencioso
Que se quer ruim,
Luta furiosa contra
Uma natureza hostil.

Procuro domá-lo,
Como os meus olhos te procuram a ti...
Inocentes, sinceros.
Séculos de experiência,
Julgados, com a certeza no momento,
Com a voz rouca
Que uiva um canto romântico,
Para a lua. Para ti.

Os braços entorpecem
Os segredos revelam-se.
Caiem muros, barreiras, fronteiras,
Connosco a assistir.
Resistentes, sorridentes,
Com o orgulho das eras,
Fazemos pouco do mundo
De tão efémero, rasteiro, passageiro.

Somos gigantes neste relato traiçoeiro,
Imunes ao conto do vadio,
Adeptos de um destino
Prometido, conquistado, conhecido,
Que termina em fim de tarde,
Em tons dourados,
Com os sons e cheiros da maresia.

A seriedade ataca-nos,
Com um apocalipse de
Emoções, sensações, acontecimentos,
A que respondemos com um esboço conhecido
Como campeões sapientes.
Vitoriosos neste coliseu
Sorrimos confiantes.

A desgraça alheia,
Prende apenas o resto do mundo
E escapamos incólumes,
Sem mágoa nem temor,
Sem silêncio, sem pesar.
Sorrio ao olhar para trás,
Na cara do demónio,
Numa pirraça inútil
Que me enche o peito.

Quando tocar a alvorada
Estaremos de pé,
Como nunca outros estiveram.
Extraordinários,
Num prisma que é só nosso
Em que a estória vem adocicada
Com um mel que amolece.
Somos nós que a contamos,
Deixamos os podres,
Contamos o que interessa e
Soa a expressão épica.

Contamo-nos.
E aqui, hoje, agora,
A nossa voz é a verdade.

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