23 de dezembro de 2011

Vozes

Percorro as mesmas ruas
Com os mesmos passos,
Os mesmos sons,
Diferentes.
Viajo no cavalo
Cujas portas
Me perpetuam.
Parto para o desconhecido,
Para a escuridão,
Com vaga luz.
Levo imaginação interminável
Inspiração indomável
Ritmo, cor, fantasia.

O ritual aborrece-me...
Ou será que não? Será
que finge aborrecer?
Testa-me, ao limite,
Para o validar, testa-me,
Testa-me para me confrontar.

É monstro confuso,
Difuso nos meus próprios traços,
Que combato com a ideia
Inocente que ainda me persiste.
Forte, bom,
De espada em punho.

A superioridade é evidente
Ou tem sido...
Empurrada por um vento superior
Uma alma desgarrada
O sonho sem temor.
Um furacão de constatação
Que canta
o coração mudo.
Que canta
Como disco riscado.

5 de outubro de 2011

Por um momento...

Começa com um assobio...
Um leve toque, um arrepio,
Um silvo no meio da noite,
Um olhar que te afoite.

Chocamos...
Primeiro como que dançamos,
Em suaves movimentos.
Somos doces sentimentos.

Entrelaçados como melodia.
Como orquestra, em sintonia,
Nos olhares, nos sorrisos.
Desenhamos paraísos.

Depois a revolta...
O ímpeto, a ribalta.
A força quase violenta,
Uma vontade tão sedenta.

Agimos rápido, em alta voltagem.
Num tom primal, quase selvagem,
De teor alto, como absinto,
Comandados pelo instinto.

E assim voamos...alternando!
Num apaixonado ritual, sonhando,
Com o que virá, com o que vem.
Inebriados, sabemos bem!

Estamos quase, é o momento.
Síncrono, combinado e turbulento,
Chegamos juntos como por magia!
Silêncio... Num climax de fantasia!


Por um momento somos felizes,
Sem preocupações, criamos raízes.
Esquecemos o mundo, somos paixão!
Damo-nos, qual filme piroso, de coração.

Mas não é só isso...
Caímos em nós...E não é só isso.

12 de agosto de 2011

Como é que...

Como é que o faço?
Como é que cresço e melhoro,
Quando é que venço, decoro
E conquisto o meu espaço?

Com calma, eu sei...
É meu, o forte entusiasmo...
Que sofre com este marasmo.
Quero o mundo que sonhei.

Vejo, oiço, tento aprender.
Sinto alguma evolução
Algum saber, sim porque não?
Continuo, nunca ceder!

A voz...lá continua.
Um tremor que não alarma.
Na noite a minha lua,
O sonho, esse, não desarma!

22 de maio de 2011

Este Meu Ser

O quanto muda este meu ser,
O quanto cresce, trémulo.
Vira páginas e continua a querer,
Um canto, uma voz para aquecer,
Um sempre constante estímulo!

Cria e, no processo, conhece
Um pouco de si, um pouco de mim.
Fabuloso...mas perigoso porque esquece,
Confiante, a mente entorpece...
Decisão letal num universo sem fim.

No pânico sente, clarividente,
Os fios da sua própria existência...
As linhas mestras que, inocente,
Tenta perceber completamente.
Quer o destino como ciência!

Ainda assim, percebe a dificuldade
E, humilde, aprende e cresce!
Deixa essa estúpida vaidade
E, sempre com vontade,
Desenha as linhas que reconhece!

28 de abril de 2011

Deito-me...

Deito-me e sinto-me a pensar,
Como me portei, que foi que disse?
Corrijo o tom para encaixar,
Questiono se não fiz parvoíce...

Passo a pente todas as reacções,
Os olhares. Os movimentos.
Somo sorrisos e sensações,
Tento antecipar tais sentimentos.

Consulto reputados especialistas:
Diferentes géneros, outros passados.
Com analises estranhas e pessimistas,
Vozes profundas. Conselhos desajustados.

Afinal o quadro é meu,
Quem melhor o saberá pintar?
Mas no meio do meu próprio apogeu,
A verdade temo identificar...

Paro...
Esqueço...
Só quero acordar e continuar a sonhar contigo.

14 de abril de 2011

Todo o dia

Desconstruir e construir,
É o que faço todo o dia.
Começo, como que por magia,
Esqueço o destruir,
Junto ideias, pensamentos,
Quebro barreiras e sentimentos.
Voo para longe, sem querer ir,
Sonho para me ver sorrir.

A viagem é curta, ao coração da natureza.
Aqui está fresco, verde, húmido,
É mais puro com certeza,
De indubitável beleza.
Um mistério assumido.

Confronto a minha verdade,
Em arte treino, corpo e mente,
Qual guerreiro omnipresente.
Em terreno, que não deixa saudade,
Escrevo passado, futuro, presente.
Deixo tudo e parto ao encontro,
Este sim digno de conto,
Com ansiedade inconsequente.

Estou pronto e preparado.
Marcho pelo asfalto, gelado,
Estou quase, e a correr,
Num suspiro...deixo-me vencer.

Lembrança

É engraçado, não sinto nada.
É um vazio que não incomoda,
Uma ausência que não recorda,
Aquelas palavras na alvorada.

O som, o mesmo, parece diferente.
O cheiro, idêntico, vem alterado,
Como tu, imponente e de aspecto alado.
Tal como o toque, és indiferente...

Estranho e não percebo.
Estes truques modernos do coração
Que teima e insiste em dizer não.
Sou eu, calmo, não me excedo.

Podia ser outra a história.
Noutro mundo faria sentido
Mas neste é caso perdido.
O futuro segredo, o passado memória.

6 de março de 2011

Voltar a casa

Quero voltar a "casa"...
Sentir aquele conforto familiar,
O ambiente que alguns dias apetece cortar.
Espaço para crescer sob aquela asa...

Quero as luzes...
O som, o cheiro, até o ar pesado!
O stress passageiro, o sono desencontrado...
Com que efeito me seduzes?

Quero a emoção...
Aquelas horas feitas em correria...
E também as outras, cuja magia,
É sua expectável lentidão...

Quero voltar a ver Gaza!
Missões da NASA, estórias do além,
China, Japão e Coreias também!
Quero voltar para casa.

"Home is where your heart is"

14 de fevereiro de 2011

O Bom Passeio

São os de sempre, os companheiros,
Extensões do meu ser,
Veículos tão passageiros...
Como o ritmo que me faz escrever.

Por caminhos familiares,
Entre becos, ruas e avenidas...
Admiro sons, que invulgares,
Substituem vozes conhecidas.

São focos de murmúrio, pequenos,
Que pintam hoje a cidade inquieta,
Alta, esbelta, imponente...hoje é menos...
Hoje é rapariga tímida de voz discreta.

A cor, o cheiro...sobressaem!
Uma outra vida na sua ausência.
Dançam nas ruas os traços que decaem,
A Natureza, a História: Omnipotência!

As horas, a brisa, as vozes....as pessoas.
Caminham mais lentamente...
Serão os mesmos ou o tempo cansou-as?
Ou serei eu que estou diferente?

Foi numa tarde de Domingo...

No intervalo do teu cabelo...

Respiro no intervalo do teu cabelo...
Sussurro a paixão indiscreta,
Uso o encanto do Poeta,
Que te congela e pareces sabê-lo...

Beijo-te...pela primeira vez...
Os tremores, a vergonha,
A timidez, sombra medonha...
Tantas dúvidas, tantos porquês...

Juntos...deixamo-nos levar....
Perdemos rumo, activamos sentidos,
Improvisamos momentos desconhecidos...
A música que sempre quisemos tocar.

Perpetua-se...o teu sabor...
O teu cheiro, a tua vontade,
Os teus segredos, a tua verdade!
Sinto ainda o teu calor.

24 de janeiro de 2011

Full Moon

In a gazing stare he sees the future,
The hardships and pain one has to endure...
His future, His hardships....his pain!
All on display... All to take his aim...

The dire hour shows but one flaw,
A space of truth in a glimpse he saw.
Attracted by the dim light,
That sheds hope through the darkest night.

His eyes open... as if for the first time...
No more tears... not one whine.
His strength renewed, firm, steady
As some fighter he stands ready.

He sees his future...
The hardships and pain he has to endure.
He sees of what they're made,
But now...Now he's not afraid!

Now he knows...
Now he rises.

17 de janeiro de 2011

Controla-me

Nas horas escuras e caladas,
Nas noites lentas e aceleradas.
Quando o pensamento corre...
E o meu coração morre.

O quarto parece mais vazio.
As paredes, pequenas. O chão...frio!
Um gesto custa...cada vez mais...
Grito socorro em ecos fatais.

Existo em ideias atormentadas,
Em vozes perdidas, em causas pesadas.
A gloria em cânticos a desvanecer...
Esqueço...E jurei não esquecer!

A luz é pouca, muito pouca,
A voz triste, a mente louca.
Conspiração que assim cresce...
E o Sonho...? O Sonho desaparece.

É pouca a luz.
Mas a alvorada está aí...