Tonta esta, minha vaidade,
Que me possui, inquieto,
Atormenta e deixa saudade.
Estranha a criatividade,
Que me abandona incorrecto.
Vai em vem, como lhe apraz,
Aparece sem qualquer aviso.
Cega-me como lhe satisfaz,
Quando sai meu corpo jaz,
Sou mera voz do improviso!
Usa o meu corpo imobilizado,
Domestica-me como animal
De frases, ideias inundado,
Irresistível este fado,
De mim espanta todo o mal.
Manipulado, tão manipulado...
Doce ironia que me condena!
Meu cérebro deliciado,
Meu ego recarregado,
Sob a voz da minha pena!
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